quinta-feira, 2 de junho de 2011

facebook com gaivota

Por Fernando Carril - Humor

A ação se passa no quarto de Trepliov, sentado no chão...

- Email?: ktrepliov@russia.com ..., senha: formasnovas ENTRAR!
Bem vindo! Página inicial. No que você está pensando agora?
- Feiticeira, meu sonho! COMPARTILHAR
Editar perfil - Nascido em KIEV...Atividades e interesses. - Teatro, Sonhar
- Em relacionamento: enrolado...SÉRIO com... Nina! Sobre mim: [pausa] “- Quem sou? O que sou?”
- Quiz Planet : Que personagem de Shakespeare você é?! Hamlet!
- Jogos: Farmville: Nossa, como é que o nosso Chamraiev vai tão bem aqui jogo...
- Qual é o evento? Criar evento: Minha peça, 8h30, quando a lua surgir... Local: Lago
Convidar para o evento: mamãe, titio, povo da fazenda , Dorn
- Pessoas que talvez você conheça:.. Boris Trigorin Sim, ACEITAR
- Notificações. Masha quer ser sua amiga. NÃO AGORA!
- Cutucar Nina...
- Sorin curtiu o evento! Dorn compartilhou o link do seu mural!
- E a NINA? Nina começou amizade com... Boris Trigorin! Ahhhh tá!!!
- Arkadina publicou: Isso está um tanto decadentista...
- Mãe!
- Enxofre? Será mesmo necessário?
- É SIM!
- HAHAHAHAHA! Um efeito especial! Que brincadeira é essa?
- Chega! A peça acabou! Cancelar evento!
- Masha quer ser sua amiga... Masha cutuou... Cutucar de volta? BLOQUEAR!
- Dorn publicou em seu mural: “Você tem talento. Continue assim. Pensamento claro, tá? Você precisa saber para quem escreve, senão...”
- Procurar Nina. Bate-papo. Offline...
- Dar Presentes.. Subir foto da gaivota morta no lago no mural de Nina.
- Bate-papo. Online.. Nina!? O QUE SIGNIFICA ISSO?
- Ah? Ela curtiu a foto do Trigorin??!
- Vou me matar [bater cabeça no mouse]
- Macha vai se casar com o professor. UFA!
- Aplicativos Causas: Titio em Moscou Já! Doe dinheiro. Publicar no mural de Arkadina.
- ARKADINA entra no bate-papo.. .
- Te amo, mas você que há com você?
- Mãe, Porque você se submete aquele homem?
- Você não entende, ele é de grande nobreza...
- Covarde...
- Eu respeito...
- Me enjoa..
- Isso é inveja, seu sem talento...
- Não reconheço o valor de vocês ...
- Seu decadente...
- Medíocre e lamentável...
- Seu burguesinho parasita...
- Sovina...
- Gente diferenciada!... [pausa] me desculpe, perdoa sua mãe pecadora...
- Eu perdi tudo...
- Não se desespere, ele vai embora e ela vai amar você de novo... chega, já fizemos as pazes.
- Sim, mãe..
- Faca as pazes com ele também..
- OK, eu só não quero falar com ele. TRIGORIN ENTRA BP
– Desconectar do bate-papo@
- Feed de noticias.
- Nina mudou seu status... SOLTEIRA? Ocupação...ATRIZ? Residência MOSCOU.
- Publicou no Mural no mural do Trigorin... “Se algum dia você precisar de minha vida, venha e tome-a”! Com um coração (S2)?!
- Minha Conta...SAIR!!!... [DOIS ANOS DEPOIS...].

segunda-feira, 30 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sórin por Sórin

Por Fernando Carril - Humor
            
           Olá... Meu nome é Piotr Nikoláievitch Sórin. Sou o homem que queria... queria ser escritor, me casar, morar na cidade, falar bonito... (tosse) Nasci em Moscou há muito tempo, aos 10 de maio de 1821, filho de diplomata. Tentei seguir os passos de meu pai, mas consegui apenas o diploma em direito, após passar um período de cinco anos estudando e escrevendo, estudando e escrevendo. Meu pai me via como um parasita nessa época porque eu não passava e não permitiu que eu me tornasse um escritor, pois eu precisava ganhar a vida em Moscou. Quando finalmente me formei advogado, fui indicado por papai para a Repartição de Justiça. Fiquei lá por 28 anos, onde entrei procurador e saí Conselheiro de Estado. Emprego é tudo, não? (ri) Infelizmente não pude ser pai, por causa de um problema físico... aquela chata “hérnia inguinal direta” que fez um pedaço do meu intestino entrar pela bolsa escrotal... Quem mandou carregar tantos processos de uma vez? As mulheres se afastaram... De todo modo, considero meu sobrinho Kóstia como um filho. Se sobrasse algum dinheiro aqui na fazenda onde moro, ajudaria ele a aproveitar a vida...

Um Bom Dia para Chamraiev

Por Chris Oliveira - Humor

            Ouço o barulho dos animais e os primeiros raios de Sol estão a atravessar a vidraça, embaçada pelo orvalho da manhã, mas entreaberta devido ao estafante calor que este verão faz e insiste para nos castigar.
Levanto.
Olho minha querida, Polina. Mas não amada. Isso não é bom para um homem da minha autoridade. Devo manter minha condição patriarcal integra e indiscutível, não cabe a mim demonstrações de afeto que confunda a minha postura em relação á família.
Lavo o rosto e me preparo para mais um árduo dia de trabalho. Retiro estas roupas de dormir, levanto e coloco minha camiseta sob minha camisa de algodão cru, tingido de oliva e meu casaco à tira colo, vermelho; visto minhas calças de bombachas marrons e minhas botas surradas e pretas. Isto me camufla no meio das paragens da fazenda e quando preciso ao campo perseguir animais perdidos, caçar patos e armar tocaia aos ladrões que infestam esta terra. Coloco meu relógio de bolso pontualmente no lado esquerdo, próximo a altura do punho para pegá-lo a tempo de não perder nenhum segundo procurando. Minha carteira fica bem guardada no lado esquerdo, interno da camisa, costurado numa bolsa fixa no peito. Nunca se sabe quando um forasteiro pode nos incomodar e uma moeda nesta altura pode ser boa sorte em situações críticas.
Eu tomo, como sempre, o meu copo de café quente, forte e amargo com meia dose de vodca e cinco gotas, somente cinco gotas de limão, óras. Enquanto bebo, olho o despertar do Sol por trás dos montes azuis, além dos verdes vales e acima do lago espelhado que envidraça e despedaça todos os raios deste Sol que não se põe nesta estação do nosso tempo e não nega o brilho da manhã. Poderia amar o despertar da luz sobre a terra úmida e poderia cheirar o doce orvalho desta vida dura do campo, mas não posso porque este cheiro de rapé me incomoda terrivelmente. Ué, será que a Polina voltou a se encontrar com aquele “medicuzinho”? Será que ele, apesar de bravejar que rejeita, está indicando isso para asma? Preciso descobrir o que este médico pretende com minha mulher, antes que ela morra por conta e nota deste charlatão. Vou resolver isso! Isso mesmo, vou resolver isso e vai ser... Depois que eu voltar.
Agora eu vou sair de casa porque o dia me espera, mas como um homem como eu pode sair de casa com estes trapos jogados no chão da porta. Macha! Esta menina não tem jeito. Preciso ter uma conversa séria com ela e deixar bem claro quem é que manda aqui, ela precisa de uma boa lição para ter disciplina. Este Xale está cheirando a enxofre, éter e tabaco, onde ela anda para deixar este cheiro na roupa. Que inferno! Vou ter uma conversinha com ela e isso não vai ficar assim. Se eu não sou um pai tão atento, poderia jurar que ela é que está trazendo rapé para dentro de casa. Mas ai está uma coisa que ela não faria sem que eu soubesse. Aliás, eu sei de tudo. Como eu sei que isso vai ficar pra depois do meu dia árduo de trabalho e antes do meu almoço, vou desestressar na sesta.
Por enquanto, comidas aos cães. Depois carinhos aos cavalos. Afeto as pobres vacas e uma espiadela nas abelhas. Mas morte as ratazanas, morte! Após cuidar dos animais, vou cuidar das pessoas da minha família. Alguém precisa adestrar este povo inculto. Vou falar primeiro com a Polina e conversar com a Macha sobre aquele “professorzinho” maleducado. Ele vai aprender uma lição comigo e vai saber quem é que risca nesta lousa, vou fazê-lo correr seis verstas descalço até os quintos dos infernos, num terço de tempo. Maldito Miedvidienko, maldito. Comida aos cães, comida aos meninos, comida aos melhores amigos dos homens. Comida! Cadê os famintos, cadê os pobres famintos dos meus cãezinhos? A comida chegou. Mas só vai comer quem cantar, então comecem a latir. Vamos, quero vê-los latir. Latam seus infames, miseráveis. Mais latidos. Que rufem os pulmões seus cães malditos, que eu quero acordar o mundo. Quem não latir, não come. Preguiça de abrir a boca pra comer não tem, mas tem que cantar primeiro. Trabalhem seus vermes. (RINDO) Latidos, mais latidos seus infernais. Só assim eu vou ter sossego. Quero ver quem vai querer cavalos hoje? Cavalos? Cachorros gritem até a morte. Quem morram os jovens, pois os velhos já estão moribundos. Cachorros miseráveis, miserável Miedvidienko, hoje eu acordo até a Macha. Quero acordar a Coruja e o “Doutorzinho” vai vir aqui, vou acordar os cavalos e o “Pescadorzinho de Letras” vai enfartar, vou acordar os morcegos e o “Moribundo”, vou acordar os pintinhos e o “Pobrezinho” vai fazer uma peça, vou acordar até a “Pavonesa”. Vamos seus cachorros moles, acordem este bando de preguiçosos insolentes, estes desregrados, indisciplinados, estes artistas do pântano. Hoje não tem cavalo, não tem arreio e nem tem teatro. Hoje quem dá o Dó mais grave que o do Silva sou eu, eu dou o Dó mais grave e terão dó dos pobres coitados.
Aff! Que gente enfandonha.
E depois de tudo isso eu vou até Moscou, gastar um pouco do dinheiro deste meu árduo trabalho na lavoura. Afinal de contas, também sou filho de Deus e até o próximo domingo eu faço companhia pra ele no descanso, com o sagrado respeito à ortodoxa lei.
[RI ENQUANTO OS CÃES LATEM PELA COMIDA QUE COM O BRAÇO AMEAÇA JOGAR, MAS NÃO SOLTA]